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Psicoterapias pertencem a Alguém?

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Quando fiquei sabendo da notícia que um grupo de psicólogos havia, junto ao Senado Federal, entrado com uma Sugestão 40/2019, no sentido de tornar exclusividade a prática de psicoterapia por psicólogos com CRP ativo, fui tomado por um sentimento de surpresa e de indignação! Após um certo tempo de “decantação”, foi me ocorrendo o questionamento do porquê agora estaria ocorrendo isto?

Sou médico psiquiatra, psicanalista, professor de psiquiatria FAMED/UFRGS, agora aposentado, há quase 50 anos e jamais havia me defrontado com situação semelhante! Fui professor de psiquiatria com ênfase em Psiquiatria Psicodinâmica, em especial em Psicoterapia de Orientação Analítica, para muitas gerações de Psiquiatras e, no Curso de Especialização em Psicoterapia de Orientação Analítica, para inúmeros psicólogos igualmente.


Minha formação foi certamente influenciada pelas teorias freudianas e de seus seguidores, grande parte deles com diferentes formações profissionais o que só vieram a contribuir para a expansão do pensar psicanalítico. Acompanhei durante estes anos a evolução da técnica e da teoria psicanalítica, da psicoterapia e da evolução da psiquiatria, da neuropsiquiatria e da psicofarmacologia.

Quem era Freud? Médico vienense, neurologista, gênio, foi a Paris aprender com Charcot sobre as paralisias histéricas, denominação da época, e descobriu a importância dos conflitos inconscientes na gênese dos sintomas de onde deduziu a formação de uma teoria psicológica: a psicanálise! A partir de então começou a divulgar esta teoria acreditando ser uma forma de tratar determinadas alterações emocionais, de maneira indiscriminada, inclusive para leigos.

Desta vertente se originaram várias outras formas de psicoterapias, como a Psicoterapia de Grupo, Psicoterapia Cognitivo Comportamental e Interpessoal, referindo as mais comuns em nosso meio e com tradição científica de resultados, todas no sentido de se adaptarem a cada caso ou situação específica.

Infelizmente nossos governantes com o objetivo de baratearem a assistência a saúde, optaram pela abertura indiscriminada de cursos de graduação na área da Psicologia e agora na área Médica, sem o devido cuidado da necessidade e da qualidade dos referidos cursos, não havendo o necessário cuidado de um exercício digno das profissões. O que vemos é uma luta por mercado de trabalho cada vez maior com influência na desvalorização para esta assistência.

O valor de uma consulta psiquiátrica em planos de saúde é maior que o valor de um atendimento em psicoterapia por um psicólogo. Acredito, sob meu ponto de vista, ser esta a causa maior da Sugestão 40/2019, a reserva de mercado!

Assim como compete ao psiquiatra, além da psicoterapia, também a prescrição de medicamentos por sua formação médica, determinadas tarefas por sua especificidade de formação, compete também ao psicólogo, como testagens e avaliações profissionais entre outras tantas. Ao contrário isto não nos afasta, mas nos aproxima em termos de complementação de conhecimentos e melhores condições de um atendimento integral.

Acredito que, quando a competividade se basear em normas e leis ao invés de competência, atualização e conhecimento, estaremos empobrecendo nossa capacitação e na verdade quem perderá nisto tudo, além de nós mesmos, será o objetivo de nossas vidas profissionais, isto é, a pessoa que está em sofrimento mental!

Fernando Grilo Gomes

(Coordenador do Departamento de Psicoterapias)

Douglas Dogol Sucar (Presidente da Associação Brasileira de Neuropsiquiatria)



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